12 horas de sono sem sonhos
Acordo com sede. Não sei que horas são, muito menos quantas horas passei dormindo. Parece que não dormi. Vou a geladeira, bebo um copo de leite e levo outro pra deixar ao lado da cama. Ao entrar no quarto derrubo o copo. Olho pra baixo e vejo uma poça de sangue. Meus pés estão cortados. Há cacos de vidro demais. Não pode ser. Há cacos de vidro por todo o quarto, sobre a cama, no corredor que leva à cozinha. Não pode ser.Tenho que ligar a luz, mas o caminho até lá é muito longo. Não, isso não está acontecendo. Vou até lá. No primeiro passo sinto o vidro entrando fundo na minha carne. Não é real. Segundo passo, a dor é insurpotável, faço um esforço imenso pra continuar de pé. Terceiro passo, simplesmente não dá, caio e sinto cada porção do meu corpo sendo perfurado pelos infinitos pedaços de vidro insuportavelmente afiados. Quando o meu rosto encosta o chão não tenho mais consciência da dor. Sinto o gosto de sangue quando aquele vidro frio corta a minha boca. Um arrepio percorre o meu corpo. Não é a morte, é a sede. Estou novamente na cama. Tenho que beber alguma coisa.
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